Quando eu
morrer quero passar metade do ano no inferno e a outra metade no céu. No Inverno
quero estar no inferno, porque lá está quentinho, e no Verão quero ir para o
céu, para pôr a arejar a minha virtude… Se bem que ir para o céu é coisa de gay
e eu não gosto de gays… Gosto é de homens a sério!
Paneleiradas à
parte, não sei porquê mas tenho andado a pensar na forma como quero morrer,
apesar de nunca sabermos como vamos morrer… Eu cá quero morrer com estilo.
Para já, não
quero morrer no fim-de-semana porque para um trabalhador nato como eu, os
fins-de-semana são divinos… Pode ser numa segunda-feira depois de almoço.
A seguir vem o
mês: Janeiro não dá porque está muito frio; Fevereiro também não porque é o
carnaval; Março… até agora fica Março; Abril é a páscoa; Maio não pode ser
porque vai toda a gente rezar a Fátima e depois esqueciam-se do meu funeral;
Junho é a altura dos santos populares, é o mês das festas; Julho não vai dar
que o meu irmão e a minha namorada fazem anos, e eu não estou aqui pra estragar
a vida de ninguém; Agosto não porque tou de férias e gosto de ir pá praia;
Setembro é a minha vez de fazer anos e adoro receber presentes, nem que seja um
par de meias; Outubro não é possível porque é o mês das castanhas e gosto de me
mascarar no Halloween; Novembro não me dá jeito porque tá sempre a chover e é
uma chatice morrer molhado; Dezembro já se sabe que é um mês sagrado e eu adoro
a época natalícia… Portanto, já decidi, quero morrer em Março que é um mês
tonto, não se faz nada.
Agora de que
maneira é que quero morrer… Um tiro na cabeça tá fora de questão e na boca
muito menos, pode-me partir um dente ou coisa assim; uma facada também não
quero porque se vejo muito sangue posso desmaiar; atropelado não porque dói;
veneno não é uma boa ideia porque não deixa rasto; morrer de velhice também demora muito tempo; talvez enforcado não sei... eu queria assim uma cena
mais radical, tipo saltar do terraço do meu prédio…o pior é que tenho
vertigens...e também não gosto de suicídios... Já sei, vou morrer de susto! Para isso tenho de arranjar uma
maneira de me assustar a valer… tenho duas opções: olhar para a minha conta do
banco ou ver-me ao espelho quando acordar… Afinal morrer de susto é possível.
Há outra
questão que tenho estado a pensar, não sei se hei-de ser enterrado ou se hei-de
ser cremado… se for com creme de ovos prefiro ser ‘cremado’ mas se for aquele
creme de bolo de aniversário mais vale meterem-me debaixo da terra para servir
de refeição às minhocas.
Já agora, se é
para morrer com estilo, quero ter um caixão todo quitado, cheio de diamantes e
tal…
Bem, então o
meu plano de morte é o seguinte: quero morrer numa segunda-feira de Março, vítima
de susto doméstico e enterrado num caixão ‘bling-bling’… A minha morte vai dar
que falar!
Acho que todos nós devíamos fazer
um plano destes…